Nossa experiência em Varanasi

  • 10 de novembro de 2016
Nossa experiência em Varanasi


Chegar em Varanasi faz você perceber uma coisa: que o choque cultural na Índia só é intenso mesmo quando você pisa aqui!

A cidade mais sagrada da Índia, da religião Hindu, sem contar que também é a cidade mais antiga do mundo, faz você dar um mergulho de cabeça nos rituais indianos.

E o responsável por tudo isso é o místico e sagrado rio Ganges. O rio que caiu direto do céu para a terra, concentra as atenções em Varanasi.

 

Suas dezenas de Ghats, como são chamadas as escadarias que levam ao rio, foram construídas ao longo dos séculos para os rituais.

 

Fato importante: o sonho da maioria dos indianos é morrer em Varanasi, ser cremado aqui e ter suas cinzas jogadas no Ganges. Purificando a alma e encerrando o ciclo de renascimento. Inclusive durante nossa jornada de trem chegando aqui, nosso companheiro de cabine estava a caminho de Varanasi para fazer o ritual para irmã, que havia falecido no dia anterior. Ele nos contou que ela já estava doente, e havia se mudado para Varanasi pois queria passar seus últimos dias aqui, na cidade sagrada. De acordo com a tradição, o homem mais velho da família deve fazer o ritual de cremação, e mulheres não podem participar, nem mesmo que sejam da família. 

 

Essa talvez seja a informação mais importante que se deve saber ao chegar em Varanasi, pois nos deparamos com algumas cenas ao explorar a cidade que são chocantes.

Em cada Ghat é realizado um ritual específico. Banhos de purificação acontecem comumente, para lavar os pecados cometidos e pedir perdão para a próxima vida. E caminhando pela margem do Rio Mãe você vai observar desde lavar roupas, limpar animais, escovar dentes e banhar os mortos, cada um com uma Ghat específica. Inclusive uma Ghat para lavar os pecados do adultério.

 

 

Mas, a mais impressionante delas, é a Manikarnika Ghat. Onde diariamente pessoas são cremadas e suas cinzas colocadas no rio sagrado. Um pequeno adendo: ser cremado em Varanasi é algo caro, e fora do alcance para maior parte dos indianos. E as vezes cremações mais "simples" acontecem, com menos madeira, ou aproveitando o fogo de outras cremações. Alguns corpos não queimam completamente, e tudo isso é levado para o Rio Ganga e suas águas auspiciosas.

Ou seja, se quiser visitar Varanasi prepare o estômago para lidar com tudo que vai encontrar aqui. 

Dividimos o hostel com uma indiana de Nova Délhi, e fizemos nossas explorações pela cidade com ela. Que nos explicou cada detalhe da cidade dos 10.000 templos. 

 

Você se perde pelos becos em meio a tuk tuks, sadhus, rickshaws, cachorros, vacas, torres de madeira, feirantes, encantadores de cobra, oferendas e um pouco de tudo pelo chão.

As águas auspiciosas do Ganges encantam. Tanto que em todo lugar é possível ver os comerciantes vendendo garrafinhas vazias para que os religiosos levem consigo um pouco da água sagrada. Inclusive nossa nova amiga comprou uma garrafinha para levar água do Ganges para a mãe dela, em Nova Délhi. Digamos que seja um "must have" para Hindus. 

Sim, Varanasi é tudo isso! É até difícil de digerir (e até compreender), mas simplesmente fascinante.

 

A cada nascer do sol e pôr do sol (as horas sagradas) são realizadas celebrações conhecidas como Puja e Ganga Aarti. Imperdíveis! Elas acontecem em duas Ghats "famosas" em Varanasi: Dashaswamedh Ghat e Assi Ghat. E você pode ver a celebração de dois ângulos: das escadarias ou de um passeio de barco no rio. It's up to you! Ficamos nas escadarias, e foi lindo!

 

Falar sobre essa cidade não é fácil. O que marca são os sons, o cheiro, a sujeira, a expressão no rosto daqueles ali, o eterno barulho, o calor da chama queimando e um pouco de caos. A eterna sensação de ter o Ganges correndo no quintal de casa transforma qualquer passagem por aqui em inesquecível!

 

Acho que fizemos uma boa escolha em deixar Varanasi por último. Fechar com chave de ouro, na Índia sagrada, em meio a tantas energias. A Incrível Índia já deixou memórias tão marcantes, que nada mais será o mesmo. Nem nós somos mais os mesmos. E chegamos a uma conclusão: a Índia não é apenas uma viagem, é uma experiência!  



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Sobre o Autor

Laion e Madu

Conheçam o mundo sob a ótica do casal Laion e Madu do @projetodeboa

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